Extraímos de cada escrita a urgência de reatar os laços com a realidade, essa escrita que não deve se limitar a refúgios, mas se abrir a retornos, os caminhos mais longos de volta para casa, uma casa bagunçada e esquecida.
Nessa espécie de jornada do herói, cujo herói somos apenas nós, encontramos parceiros de caminhada que já não estão mais por aqui. Memórias ficcionalizadas e descaracterizadas, e é a partir dessa ficção que reassentamos os calçados no chão, porque a cada escrita encontra-se uma ferida mal cicatrizada, um sintoma persistente.
Escritores escrevem com leituras. Leituras de mundo, leituras de perspectivas e ângulos diferentes das imagens que o mundo proporciona. Por isso, há uma urgência em acompanhar os autores atuais e ler suas produções.
E não somente lê-las, mas extrair delas o que há de mais cruamente atual. Entre meses mais e mais letais dessa pandemia (que não cessará a curto prazo), a urgência é de retornar à realidade e se munir de parceiros de caminhada, pois até atos julgados como solitários, como esse de conviver com a literatura, constroem-se no coletivo.
Correr atrás de editoras e autores independentes é um ótimo começo para essa busca. Nunca se esqueça de acompanhá-los pelas redes sociais e conviver com esses fenômenos literários que, dia após dia, se transformam.
Testemunhar isso é também participar de uma história a qual, como tantas outras histórias, vem sendo incansavelmente silenciada.
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