Sem graça
Circo,
Num círculo
A lona,
E longe
A grade,
Um rugido,
Um leão.
Circo,
Num grito
A cena
De sangue:
Coitado,
O palhaço...
Oh, não!
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Verde musgo
A minha janela cujas madeiras
Foram surradas pelos dias,
Criou com resiliência
Musgos em suas ombreiras.
Olhei com certa curiosidade
Até onde os musgos apareceriam,
E vi que de verde toda a canaleta cobriam;
A janela estava travada com propriedade.
De que maneira havia ignorado
O avanço desta força oxidante?
Percebi estar diante
Da ausência do abrir, jamais executado.
Que falta me faz essa liberdade!
Que falta faz o ar que não mais entra.
O verde-musgo é a ferida que hoje marca
A minha janela nunca mais aberta à tarde.
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Letras Capitãolares
Flores são belas
Onde quer que elas nasçam.
Ruas estão em algum lugar
Ainda que não levem a lugar algum.
Brincadeiras sem graça alguma
Oneram o sentido da piada:
Leis são somente palavras
Sem qualquer validade.
Onde reside o rei cego?
Nada contra a correnteza da vida,
Afoga-se em leite condensado.
Rezemos para que larguem
Os ossos que talvez sobraram.
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SOBRE O AUTOR
Fabiano Favretto, 28 anos, é formado em Design Digital. Considera a escrita como um hobby, o qual executa há mais de 9 anos. É letrista e compositor da Banda Fantasmas do Velho Oeste, da qual também faz parte tocando viola caipira. Há mais de três anos produz materiais alternativos com poesias e textos autorais, totalizando mais de trinta volumes já lançados. Atualmente produz uma série de fanzines com textos próprios e materiais de artistas visuais da cidade de Campo Largo e Curitiba. Produz também textos e artigos voltados para as áreas de Design de Produtos Digitais e Experiência do Usuário, áreas estas em que atua efetivamente.
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