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Foto do escritorRevista Trajanos

TRÊS POEMAS DE JÉSSICA IANCOSKI


ROLOS DE PAPEL FILME


como ybá

secando longe do pé


dedos esticados

pela ganância branca

formam uma linha

do polegar ao mundinho


movimentos de pinça

roubam a tangerina

tentando extrair

a seiva interina


sem que saibam

robôs descascam

o firmamento


frutos envoltos em etileno

enrolam horizontes

em rolos de papel filme



----



UM SÓ LAMENTO PARA O SOTERRAMENTO


enquanto cipós

se lançam do alto

das copas

buscando

a semente


pessoas

trocam de nome

tentando aceitar

a mente


yby seria só a terra

mas homens infelizes

impuseram o chão



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PILARES


antes do sol

uma mãe

e os seus seis filhos

se levantam e

erguem as mãos

para um deus mudo.


sem que saibam

sustentam o peso do mundo

para que um dois ou três

homens sem rostos subam

até a tez

da lua.


enquanto suas

mulheres cantam agudo

sobre as noites mais escuras

de um eclipse profundo.


e os pobres escutam

com seus rostos evaporados

em multidões

enquanto aguardam

esmagados

a própria vez.



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SOBRE A AUTORA


Jéssica Iancoski é pessoa não-binária, escritora, poeta e artista plástica. Publicou em várias antologias e revistas, nacionais (Mallarmargens, Ruído Manifesto, Acrobata, etc) e internacionais. Teve o poema “Rotina Decadente” reconhecido pela Academia Paranaense de Letras, aos 16 anos de idade. É editora do Toma Aí Um Poema – o maior podcast lusófono de declamação de poesias e, também, revista literária digital. Nasceu em Curitiba em 10 de Fevereiro de 1996. É formada em Letras pela Universidade Federal do Paraná e em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná.





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