ROLOS DE PAPEL FILME
como ybá
secando longe do pé
dedos esticados
pela ganância branca
formam uma linha
do polegar ao mundinho
movimentos de pinça
roubam a tangerina
tentando extrair
a seiva interina
sem que saibam
robôs descascam
o firmamento
frutos envoltos em etileno
enrolam horizontes
em rolos de papel filme
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UM SÓ LAMENTO PARA O SOTERRAMENTO
enquanto cipós
se lançam do alto
das copas
buscando
a semente
pessoas
trocam de nome
tentando aceitar
a mente
yby seria só a terra
mas homens infelizes
impuseram o chão
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PILARES
antes do sol
uma mãe
e os seus seis filhos
se levantam e
erguem as mãos
para um deus mudo.
sem que saibam
sustentam o peso do mundo
para que um dois ou três
homens sem rostos subam
até a tez
da lua.
enquanto suas
mulheres cantam agudo
sobre as noites mais escuras
de um eclipse profundo.
e os pobres escutam
com seus rostos evaporados
em multidões
enquanto aguardam
esmagados
a própria vez.
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SOBRE A AUTORA
Jéssica Iancoski é pessoa não-binária, escritora, poeta e artista plástica. Publicou em várias antologias e revistas, nacionais (Mallarmargens, Ruído Manifesto, Acrobata, etc) e internacionais. Teve o poema “Rotina Decadente” reconhecido pela Academia Paranaense de Letras, aos 16 anos de idade. É editora do Toma Aí Um Poema – o maior podcast lusófono de declamação de poesias e, também, revista literária digital. Nasceu em Curitiba em 10 de Fevereiro de 1996. É formada em Letras pela Universidade Federal do Paraná e em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná.
Contato www.jessicaiancoski.com | @Euiancoski
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