vende-se
em terra de cego
quem fere com ferro
não corre perigo
em terra de cego
enterro meus mortos
na sombra do olvido
em terra de cego
se entregam à míngua
a água e o ar
em terra de cego
vendo meus olhos
cansei de chorar
Sísifo enclausurado
déspota de duas faces
– sístole e diástole –
trancado em meu tórax
perseguindo ritmos
e algoritmos
encarando desde sempre
a pedra do repente
de repente é a vida
morro abaixo, morro acima
morro enfim
o coração continua
depois de mim?
canção
insisto
sou aquilo
que resiste
sombra que pousa
no varal
assovia
o pardal já não existe
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SOBRE O AUTOR
Thomas Rodolfo Brenner, curitibano nascido em 1982. Autor do livro Desaforos, aforismos & outros foras (Editora Penalux, 2013) e da plaquete Ressurreição (Editora Primata, 2021) – ambos de poemas.
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