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Foto do escritorRevista Trajanos

Canto para Mnemosyne, de Clara Bordinião

Por João Simino

Às vezes o tempo é gentil

com os amores.

Mas com as saudades,

é um carrasco.

(Clara Bordinião)



Muito bem acompanhada por referências únicas como a arte burlesca e transformista e por artistas ímpares como Luci Collin e Francisco Mallmann, a escritora curitibana Clara Bordinião lança seu primeiro livro, Canto para Mnemosyne. Foi no dia 16 de maio, pelo Café com Poesia.

Canto para Mnemosyne é uma obra tão carregada de musas quanto de poemas. Essas musas se confundem com a própria poeta, porque em cada poema lemos essa transa intelectual entre o eu e a musa. Clara Bordinião não leva essas musas para um passeio, mas para uma valsa entre um verso e outro – e para uma conversa lá no canto, entre um canto e outro.


"Sim, a guria sentada ali do meu lado. Ela era parte daquela paisagem. E ainda é parte dessa paisagem na minha memória." (p. 74).


As musas aparecem em grande parte enquanto memórias de despedidas, encantos e amores. São pessoas e são histórias e instantes que atrelam a figura da poeta também ao próprio espaço físico-material, como vemos em “Quem fui” e “Casa é tripé”. E a cidade inevitavelmente traz à tona temas pesados, leia-se o poema “O sangue de uma mulher”, em que a poeta trabalha a invisibilização da violência.


"– Voltamos a programação normal.


Abafam a nossa voz.

As pessoas são mudas, mas falam." (p. 65)


“O sangue de uma mulher” é um poema que destoa do restante do livro, tanto em sua construção quanto em sua voz poética. Não chamo de quebra de expectativas, mas de uma dissonância necessária: em outras palavras, um grito de algo que pareceu até então entalado nas entrelinhas.


Clara Bordinião não leva essas musas para um passeio, mas para uma valsa entre um verso e outro

A autora trata, dentro desses conflitos internos e externos, a rima “amor” e “dor” em um patamar muito mais elaborado, na tensão entre céu e inferno (ou céu e terra?); em uma tensão e inquietude trazidas à tona pela memória da poeta.

Por isso, para quem lê, não é difícil se deparar com versos que te obrigam a parar para refletir sobre esses sentimentos e até se lembrar de algumas histórias pessoais, sensibilizando-se a ponto de mergulhar na página. Pois Canto para Mnemosyne tem isso, é um livro que leva também o leitor para uma valsa e uma conversinha lá no canto, entre um canto e outro.


Confira a live de lançamento na íntegra em:

https://www.youtube.com/watch?v=8JzMwVauVeU&list=PLyKCAaLSX1BQCuJ_NzYQ-pFNaamaQAhh9&index=3


*O livro está à venda pelo site da Kotter Editorial e com a própria autora, pelas redes sociais.


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