Imagine um universo de obras literárias aberto e receptivo, em desenvolvimento contínuo e retroalimentado pelos próprios escritores, que desenvolvem suas significações diversas, que dialogam com seus passados e seus contemporâneos (diremos, ainda, futuros). Entre esse universo e sua consciência dialógica entre presente e passado, T.S Eliot em 1919 chamou esse diálogo de “tradição”. Soa, a princípio, inadequado falar em tradição quando se tem uma novidade, uma vez que a novidade, muitas vezes, rompe com seus paradigmas. Então nos deparamos nos escritos com uma estética nova, um movimento novo, que surge para modificar, romper com as tradições anteriores, seja por qual necessidade for.
Eliot refere-se a uma tradição que dialoga com o fato de o novo só existir por conta daquilo que lhe antecede. Mas a forma como se olha para o próprio passado também se altera à medida que o novo influencia esse olhar. Observamos então essa troca incessante entre o novo e o antigo.
E é sobre esse diálogo inacabável que abrimos a edição n. 3, de junho de 2021. Edição de (e sobre) textos novos sim, mas que, mesmo sem querer, resvalam em seus passados. São textos que surgem a partir da necessidade de difundir aquilo que é novo, sem deixar de lado a interação com aquilo que veio antes. Entre resenhas, literaturas e outras artes, esta edição de junho fará um mergulho no diálogo entre a ordem-sistêmica-artístico-literária.
Então pule na barca, pois o passeio aqui está apenas começando. Os textos são assinados por Bárbara Martins, Bruno Everton, Clara Bordinião, João Simino, Renata Miccelli e Oly Cesar Wolf. Contamos com a participação dos inéditos de Vitor Miranda, Gustavo Nishida e Cristiano de Sales. As fotografias são de autoria de Lucas de Bail.
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