Colhendo Mangabas
Cartamail ao José Castello
Nesta manhã carnívora
Colhi mangabas
As paisagens remotas moram em mim
Romãs de caibro
Vaguei em redemoinhos versos
Se não caibo num livro
Habito o ar
Lábios nauseados
Nesta manhã
Véu da chuva
Dilata enigmas
Cartamail de bico de pena
Necrosado o poema
Santiago de Cuba está longe demais
Nesta manhã a aranha teceu um livro
AmigoMestre
Nesta manhã
A cabeça parecia encostar no leito de minha mãe
Poeira cintilante
Douradinha
Rumo a jangada do mar
Chove no papel
O cheiro é de terra molhada
E a lua
Quem sabe volte a brilhar
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Festa de Candeeiro
Deu de ombros
Rosalina sem leme
Rejunta o miocárdio
- Desterro amado!
Andaluzia esfarela
Deitada sobre o poema
Descortinada pele
Cristino, bom de morrer
Não se deixa entregar
- Desregrado compasso!
Agrestino entristece
Suado de velas
Destemperado Agostino
Sujeito estranhíssimo
Também morava lá
- Desmembro cores!!
Salustiana fixava vertigens
Arco íris por toda parte
Desmedidos em seus tempos
Adormeceram no tecido da vida
Sequer apertaram as mãos
Deu de berrar
Ribamar na tempestade
- Não escravize as palavras!
Postos em vultos
Agitam-se as sombras
É festa de candeeiro
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SOBRE O AUTOR
Fábio André Santiago Costa
Nascido em Maceió, reside em Curitiba. Formado em Comunicação Social. Em 1997 foi indicado pelo escritor Valêncio Xavier para concorrer a uma Bolsa Vitae para jovens estudantes. Criador do blog “Acre Infuso” em 2004 e agora ativo novamente como coluna mensal no site de Kotter. Recebeu em 2005 uma menção Honrosa do “Quepe do Comodoro”, Premiação do diretor de Cinema Carlos Recheinbach. Em 2018 teve um poema, “Flores e Sombras na Dobra do Tempo”, publicado em uma Antologia Poética da editora Chiado. Em 2019 publicou o e-book (Amazon) Mar de Sombras. Em 2020 publicou o livro Intramuros, pela editora Penalux. Em 2021 lançará seu novo livro “Versos Magros” pela Kotter Editorial.
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