Escrever é um ato permeado de muitas entregas. Entrega do tempo dedicado ao trabalho, da sensibilidade à flor da pele, do refletir e do contradizer, da exposição. E o escrito se personifica porque nele andam juntos a satisfação da criação autoral e o extrato das alegrias e frustrações das experiências no mundo.
Qual seria afinal o propósito dessa entrega? Ser lido, publicado, ter um nome em uma capa ou é uma coisa mais profunda? E em meio a isso, é de se olhar para todos os trabalhos esquecidos no fundo da gaveta e se perguntar do porquê de eles estarem ali. Estariam só mal escritos? Por que não agradam?
Se o amadurecimento do trabalho artístico é buscado a todo o tempo, deve-se questionar também se é isso que está acontecendo ou se essa entrega cedeu a uma excessiva busca pela excelência. E quem sabe olhar para o trabalho não como produto, mas como uma expressão artística. Isso significa se permitir ser no mundo.
Não significa de todo modo uma máscara prepotente para o famoso “se permitir ser ruim”; significa apenas fugir de uma lógica exclusiva e excessivamente mercantil para com sua própria criação.
Deveria ser um material em que você se enxerga, onde há vida e algum propósito (não meta, mas disposição) de ser. E na falta de um termo melhor, “se permitir ser” é um dos passos mais importantes nessa caminhada, quando a liberdade é somada à consciência da imperfeição e ao convívio com ela em todas as entregas.
Para concluir, queremos deixar os créditos desta edição às autoras e aos autores que compartilharam seus trabalhos conosco, sabemos que essa é mais uma parte trabalhosa dessa entrega, a de trazer à luz uma coisa tão íntima e especial quanto um texto. Nosso agradecimento também ao escritor Cristiano de Sales, sempre parceiro literário, que cedeu a entrevista ao Café com Poesia.
Esta edição conta com a redação de: Clara Bordinião, Renata Miccelli, Bruno Everton, Oly Cesar Wollf e João Simino; Inéditos de: Livia Lopes Marangoni, Cecília Garcia, Cauê Bueno Marques, Vinicius Posanski, Fábio Santiago, Andreza Modesto e Virgínia Kleemann; Fotografias de: Vinicius Posanski.
Kommentare