Por João Simino
Esse fenômeno já antigo chamado “revista literária” manifesta a necessidade comum no campo da arte, a de reunião de artistas, observadores da cena e de agitadores culturais. Na revista – aqui posso falar desta – o olhar é sobre compartilhar experiências e produções atuais, como se alguém te encontrasse na rua para mostrar um poema que acabou de ser escrito ou bater um papo sobre literatura.
E como quem entra em um diálogo é também levado a dialogar, buscamos degustar disso tudo a fim de também produzir novas experiências de interlocução. De muitos ângulos, vemos que é dessa experiência que a arte se alimenta.
Atribuímos um imenso valor às produções que compartilhamos cotidianamente porque elas são reflexos de múltiplos contatos com a realidade. E nessa realidade, dentro do cenário literário, somos muitos(as), mas cada qual em sua lida do dia a dia.
Nessa correria, pedimos uma pausa. Como aquela do café, do chá e da cerveja, combinada com os amigos na hora livre. Assim surge a Trajanos.
Trajanos no plural, porque são variadas as vozes que formam esta revista. Trajano, porque reconhecemos a rua Trajano Reis como um dos principais pontos de encontro e de reunião artística em Curitiba. E de Curitiba, porque é a cidade de nascença desta revista.
Assim como se estivéssemos na Trajano Reis, a busca é pela troca de contatos e diálogos espontâneos, sem a rarefação dos estabelecidos high grounds populares, por mais que reconheçamos a importância que eles têm para nós.
Buscamos trazer essas influências para cá como uma forma de reconhecimento pela trajetória e sabemos muito bem o porquê de cada uma delas ser reconhecida. Mas como a revista ainda está apenas começando, nosso objetivo principal é correr atrás de quem está na outra ponta: entrando na cena, começando uma trajetória, dando seus primeiros passos e até aqueles que já deram muitos passos e, por algum motivo, ainda não foram tão vistos.
Esta revista, como você verá nos próximos textos, é formada por esse contemporâneo. Buscamos registrar uma parte do que estamos vivendo agora e do que precisamos retomar para podermos seguir adiante, pois é na reunião que a arte se faz; é no contato que ela se completa.
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