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Input: playlists para desempoeirar a caneta (parte 2)

Por João Simino



Colocar as ideias no papel não é fácil, exige atenção, dedicação e muita conversa jogada fora. Uma conversa à fiado, um fiado que será sempre cobrado quando você se deparar com aquele impiedoso cursor, que pisca incansavelmente sobre a folha limpa do documento.

Alguns problemas crônicos então surgem. Primeiro, a falta de ideias. Segundo, a falta de palavras para as expressar. Por último, você tem à sua frente um objeto inanimado, que tem um começo até bacana, mas que exigiu algo a mais que você não teve. Chegamos então ao planejamento.

De alguma forma, o texto é planejado – seja no papel ou em sua cabeça. No entanto, quando os personagens tomam corpo, quando os espaços tomam ares, quando os ambientes se desenham, isso ainda não é planejamento. A questão principal é: para onde vai esta história? E a impressão que dá é que a melhor forma de detonar uma ideia é apenas sentar e esperar que seus dedos digitem uma história magnífica. O texto escrito não segue a mesma lógica do pensado: além da ideia, é necessário se organizar. Por onde começo? Para onde vou? Por onde eu passo? Por onde eu paro e no que reparo?

Então, além do problema do texto do mês passado, sobre a falta de input criativo e a necessidade de escutar, o problema da vez é: e depois que eu consigo a ideia, o que eu escrevo?

Trouxe duas companhias para este mês: um episódio da Ilustríssima Conversa (Folha de São Paulo) e do Criando Caso (Tímpano).

O episódio “Não se ensina a escrever, mas se aprende”, do podcast Ilustríssima Conversa (jun. 2019) traz uma discussão sobre a escrita iniciante com o escritor Luiz Antonio de Assis Brasil, criador de uma das mais antigas oficinas de escrita criativa do país e que recentemente publicou o livro “Escrever Ficção”, em que compilou técnicas e reflexões sobre a escrita. Nesse episódio você se aprofunda um pouco mais sobre a discussão do planejamento da escrita e da necessidade de se pensar para além da história.

Já em Criando Caso, o episódio 06 “Será que meu texto tá bom?” é guiado por Marcella Franco e traz autores diversos como Dráuzio Varella, Chico Felitti e Ilan Brenman para discutir a insegurança durante o processo de criação. E ao final, espero que você fique com uma pulga atrás da orelha, porque nem sempre sabemos que nosso texto está bom (na verdade, nós realmente sabemos quando chega esse momento?).

Essa também é uma discussão para a próxima. Na edição de julho, a playlist “Publicar” irá refletir um pouco sobre esse processo de chegar aos leitores, desde o envio (ou não) a uma editora, o mercado e o produto livro.


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